Mas eis que surge o dilema: a esposa, uma prenda velha de opinião firme e língua afiada, não abriria mão de acompanhá-lo. O gaudério, percebendo a cilada em que se encontrava, decidiu agir com astúcia gaúcha. Não poderia deixar de desfrutar das belezas das prendinhas novas do baile, porém também não queria enfrentar a fúria da esposa.
Assim, tramou um plano digno dos mais habilidosos tropeiros: uma pescaria com o compadre Valmor. Uma desculpa perfeita para justificar sua ausência no baile e evitar suspeitas. Escondeu suas pilchas entre os apetrechos de pesca e partiu, rumo à noite de folia, após uma rápida troca de vestimenta no posto das palmeiras.
A dança correu solta, os xotes e vaneirões embalando a madrugada, enquanto ele se entregava à diversão sem preocupações. Finda a festa, retornou para casa como um fantasma, tentando passar despercebido, escondendo suas pilchas usadas antes de deitar-se ao lado da esposa.
Porém, o destino gaudério é sempre imprevisível, e na manhã seguinte, foi despertado abruptamente pelos gritos e mangações da esposa, exigindo explicações para o absurdo de um homem que foi pescar amanhecer dormindo apenas com cueca e lenço no pescoço.
E assim, entre risos e desculpas malabarísticas, a vida seguia seu curso na esterna Capital do Território Federal do Iguassú, onde até mesmo uma escapadinha para o baile pode se transformar numa comédia digna de contar aos mateadores.