Há anos, nos corredores de algumas repartições da prefeitura ecoavam os xingamentos e os berros do Secretário, que parecia não poupar ninguém de sua fúria. Seus acessos de raiva eram tão frequentes que alguns funcionários já desenvolveram estratégias de esquiva para evitar encontrá-lo nos corredores.
Até um código foi criado entre os servidores municipais de "carreira", quando o tal secretario estava furioso, sedento por alguém para descarregar sua fúria mortal, os servidores avisavam uns ao outros com uma inocente frase "atacou a doença da vaca loca".
Contudo, em um ano eleitoral, uma reviravolta inesperada ocorreu. O Secretário, em uma tentativa de justificar seu comportamento agressivo, lançou uma explicação surpreendente: ele estava "espiritado". Segundo sua versão, uma entidade espiritual o possuía em momentos de estresse, fazendo com que perdesse o controle de suas palavras e ações.
Sendo assim sempre que xingou, humilhou, foi injusto com seus subordinados não seria ele o culpado e sim o espirito que dominava, entidade esta que foi agora apelidado de "espirito da vaca loca".
Essa alegação, embora bizarra, rapidamente se espalhou pela cidade, gerando discussões acaloradas entre os cidadãos. Enquanto alguns acreditavam na história do Secretário, outros viam isso como uma tentativa desesperada de salvar sua reputação em meio à proximidade das eleições e o medo que o candidato do prefeito perca a eleição e o tal secretario espiritado tenha de calçar as sandálias da humildade e buscar outro emprego.
Sinceramente na tal "Terrinha" não dá para duvidar de mais nada.
