Parlamentar é alvo de investigação por concussão e peculato, onde se apura prática de "rachadinha"
Na manhã desta terça-feira (11), o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Paraná (MP-PR), deflagrou a Operação Janus e cumpriu 23 mandados de busca e apreensão, incluindo o gabinete do deputado estadual Samuel Dantas (SD), na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep).
O parlamentar, que cumpre seu primeiro mandato e já foi candidato a prefeito de São José dos Pinhais em 2020, obtendo 26.680 votos e perdendo somente na época a eleição para Nina Singer, é investigado por suspeitas de concussão e peculato, crimes relacionados à prática de "rachadinha" — esquema em que assessores são coagidos a devolver parte de seus salários ao político que os nomeou.
Seis viaturas foram mobilizadas para a Alep, e além do gabinete do deputado, os promotores e policiais do Gaeco também realizaram buscas na residência de Dantas e em endereços de pessoas ligadas a ele, em Curitiba. Foram apreendidos documentos, celulares e computadores, incluindo o telefone pessoal do parlamentar. O MP-PR confirmou que a operação foi conduzida pelo Núcleo de Curitiba do Gaeco, com ordens judiciais expedidas pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Paraná.
A situação de Samuel Dantas chama ainda mais atenção por seu histórico militar. O deputado é ex-integrante do Batalhão de Operações Especiais (BOPE), unidade de elite da Polícia Militar do Paraná. Apesar da gravidade das acusações, Dantas participou normalmente da sessão plenária da Alep após o cumprimento dos mandados. Durante a sessão, evitou declarações públicas sobre o caso;
O caso ganhou novos contornos devido a um episódio ocorrido em novembro de 2024, quando um ex-assessor de Dantas foi preso pela Polícia Civil do Paraná por extorsão, calúnia e difamação. O ex-servidor, cujo nome não foi divulgado, teria exigido R$ 250 mil do deputado sob ameaça de prestar depoimentos que o comprometessem junto ao MP. Investigadores não descartam uma possível conexão entre esse caso e a Operação Janus.
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Policiais fizeram varredura no gabinete do deputado na Alep (Foto: Divulgação/Impacto Paraná) |
Em nota oficial, o MP-PR limitou-se a confirmar que a investigação está em andamento e que Samuel Dantas é alvo de apurações sobre concussão e peculato. O processo segue sob sigilo, e os promotores ainda analisam o material apreendido durante as buscas. A Assembleia Legislativa do Paraná também se manifestou, informando que os membros do Gaeco foram acompanhados pelo Gabinete Militar da Casa e que os mandados foram cumpridos sem intercorrências.
O deputado ainda não apresentou nenhuma declaração oficial sobre as acusações. Nos bastidores, parlamentares avaliam os desdobramentos do caso, enquanto cresce a pressão para que Dantas ofereça explicações públicas.
A Operação Janus é mais um capítulo das investigações sobre corrupção no legislativo paranaense e reforça o combate ao desvio de recursos públicos. O MP-PR promete aprofundar a apuração e não descarta novas medidas contra o parlamentar e possíveis envolvidos no esquema.