A Polícia Civil de Mato Grosso do Sul concluiu a investigação sobre o acidente aéreo que ceifou a vida do renomado arquiteto chinês Kongjian Yu, dos cineastas brasileiros Luiz Fernando Feres da Cunha Ferraz e Rubens Crispim Jr., e do piloto Marcelo Pereira. O trágico evento ocorreu na noite de terça-feira, 23, na zona rural de Aquidauana, no coração do Pantanal sul-mato-grossense, lançando luz sobre os fatores que contribuíram para a fatalidade.
De acordo com o relatório preliminar do Painel Sipaer, plataforma do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) da Força Aérea Brasileira, a aeronave Cessna, que tinha como destino o aeródromo Fazenda Barra Mansa, colidiu com árvores durante a aproximação para o pouso, culminando com o choque contra o solo. A delegada Ana Cláudia Medina, em entrevista ao Fantástico, corroborou essa informação, detalhando que “o avião bateu na árvore, perdeu sustentação, caiu e incendiou. Todos morreram na hora”.
A investigação aponta que o piloto tentou realizar o pouso fora do horário permitido para a pista. A primeira tentativa, às 18h03, já em condições de baixa visibilidade, foi mal sucedida, forçando uma arremetida. Na segunda tentativa, a aeronave se chocou com uma árvore de aproximadamente 20 metros de altura, a cerca de 300 metros da cabeceira da pista. “Já era uma operação irregular, porque só poderia operar até 17h39”, enfatizou a delegada.
Entre as vítimas, destacava-se Kongjian Yu, arquiteto e professor chinês de renome internacional, conhecido por seus estudos e projetos inovadores na área de contenção de enchentes. Os cineastas Luiz Fernando Feres da Cunha Ferraz e Rubens Crispim Jr., também perderam a vida no acidente, assim como o piloto e proprietário da aeronave, Marcelo Pereira. O grupo estava reunido para a produção de um documentário sobre o trabalho de Yu, utilizando o avião de Pereira para registrar imagens aéreas do Pantanal, um sonho do arquiteto chinês.
A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) informou que a aeronave Cessna, de prefixo PT-BAN, não possuía autorização para operar como táxi aéreo. Fabricada em 1958 e adquirida em 2015 por Marcelo Pereira de Barros, a aeronave tinha capacidade para um tripulante e três passageiros, com autorização para voos diurnos e Certificado de Verificação de Aeronavegabilidade (CVA) válido até 9 de dezembro. Em 2019, o avião havia sido apreendido por transporte irregular de turistas, ficando inoperante até 2024.
O advogado Djalma Silveira, que representou o piloto Marcelo Pereira de Barros no processo que resultou na apreensão da aeronave, nega que ele utilizasse o avião como táxi aéreo. “Quem conhece o Pantanal sabe a distância e o isolamento das fazendas em épocas de cheia. Os pilotos em geral usam seus aviões para prestar socorro a pessoas ilhadas, vítimas de ataques de animais peçonhentos e outras emergências”, justificou o defensor. Com o falecimento de Marcelo, a ação judicial será extinta.
Fonte: http://ric.com.br